sábado, 19 de maio de 2012

Mini-Teste

Resposta: B

(UEL-2004) “o Estado ou a Cidade mais que uma pessoa moral, cuja vida consiste na união de seus membros, e se o mais importante de seus cuidados é o de sua própria conservação, torna-se-lhe necessária uma força universal e compulsiva para mover e dispor cada parte da maneira mais conveniente a todos. Assim como a natureza dá a cada homem poder absoluto sobre todos os seus membros, o pacto social dá ao corpo político um poder absoluto sobre todos os seus, e é esse mesmo poder que, dirigido pela vontade geral, ganha, como já disse, o nome de soberania.” (ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. Trad. de Lourdes Santos Machado. 3.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1994. p. 48.)

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os conceitos de Estado e soberania em Rousseau, é correto afirmar:
a) A soberania surge como resultado da imposição da vontade de alguns grupos sobre outros, visando conservar o poder do Estado.
b) O estabelecimento da soberania está desvinculado do pacto social que funda o Estado.
c) O Estado é uma instituição social dependente da vontade impositiva da maioria, o que configura a democracia.
d) A conservação do Estado independe de uma força política coletiva que seja capaz de garanti-lo.
e) A soberania é estabelecida como poder absoluto orientado pela vontade geral e legitimado pelo pacto social para garantir a conservação do Estado.

Resposta: E

Bibliografia


Principais Conceitos

  • Governo: "corpo intermediário entre os súditos e o soberano [...], encarregado da execução das leis e da manutenção da liberdade, tanto civil quanto politica"  (ROUSSEAU, 1987, p. 74). 
  • Potência: o país quando se relaciona com outros países.
  • Vontade Geral: sustentada pelo interesse comum.
  • Soberania:
    • "O pacto social dá ao corpo político um poder absoluto sobre todos os seus [membros], e esse mesmo poder, dirigido pela vontade geral, ganha [...] o nome de soberania" (ROUSSEAU, 1987, p. 48).
  • Pessoa Privada x Pessoa Pública: 
    • “[...] O ato de associação produz, em lugar da pessoa particular de cada contratante, um corpo moral e coletivo [...] que [...] ganha sua unidade, seu eu comum, sua vida e sua vontade. Essa pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político, o qual é chamado por seus membros de Estado quando passivo, soberano quando ativo, e potência quando comparado a seus semelhantes.” 
  • Soberano e Estado: 
    • Quando o povo está reunido, em assembléia, este constitui o soberano.
      • União de pessoas quando em estado ativo (elaborando as leis)
    • Mas, após as deliberações, a Republica assume a forma de Estado, fazendo com que o povo cumpra o que ele mesmo estabeleceu. 
      • União de pessoas quando em estado passivo (cumprindo as leis)
  • Cidadãos e Súditos: 
    • O corpo político é constituído de cidadãos e súditos:
      • Cidadãos enquanto participantes da atividade soberana (ativos); 
      • E súditos enquanto submetidos às leis do Estado (passivos).

Democracia Direta

  • A participação direta no soberano:   
    • A vontade só será geral se tiver a participação de todos os cidadãos de um Estado, pelo ato legislativo. 
    • É a efetiva participação de um povo que garante o bem comum e também os direitos de cada cidadão.  
  • A representatividade e o fim do Estado: 
    • Considerando que todos precisam estar em condições de igualdade para haver democracia, nenhum ser humano poderá ser autoridade diante dos demais. 
    • Segundo Rousseau, as leis que não forem ratificadas pelo próprio povo são consideradas nulas.  
    • O fim da atividade do soberano está ligado ao fim da participação popular.
  • A educação como condição para a democracia direta:
    • Rousseau, em seu livro "Emilio", prepara as crianças para que se desenvolvam de forma autônoma e criativa, em contato com a natureza.  

                                   

    • Baseando-se em experiências da vida, o aluno estaria desenvolvendo capacidades que o tornariam comprometido com a sociedade. 
    • Ausência de qualquer idéia de superioridade, educando as pessoas para a valorização da igualdade e da liberdade. 
  • A possibilidade de representação no governo: 
    • A nível de executivo, Rousseau defende a necessidade de um governo forte, ágil e eficiente.
    • Rousseau defende três formas básicas de governo: monarquia para Estados grandes, aristocracia para Estados médios e democracia aos Estados pequenos
    • A República é vista como garantia da liberdade. 
    • Então para se construir uma sociedade de liberdade e igualdade, é imprescindível a democracia direta.  

Necessidade de Igualdade e Liberdade

  • A necessidade de igualdade para a existência da liberdade:
    • Diante da desigualdade humana, Rousseau reafirma como valores fundamentais a igualdade e a liberdade. 
    • A liberdade não existe sem igualdade.
      • Isto porque, se um individuo estiver em uma condição superior ao outro, ele terá mais poder, e o que estará em situação inferior ficará subordinado a este. 
    • O direito só existe a partir de convenções - resultado de um processo de discussão. 
    • Assim, Rousseau critica o Estado liberal, como uma instituição que surgiu para converter em direito o que os burgueses já possuíam. 
  • A instituição pública como garantia da liberdade: 
    • Sendo as convenções a fonte de direitos, é através do pacto social que as pessoas podem conquistar sua liberdade. 
    • Para Rousseau, a instituição pública, criada com o pacto social, é a única garantia da liberdade humana. 
    • A liberdade  individual só existe com a liberdade coletiva.
      • Ou seja, sem a existência de uma convenção, construída pelos indivíduos para estabelecer os seus direitos, os direitos não existiriam e uns poderiam se apoderar dos outros.

Origem da Desigualdade na Sociedade Civil

  • Rousseau acreditava que seria preciso estabelecer a justiça e a paz para submeter igualmente o “poderoso” e o “fraco”, buscando o acordo entre as pessoas que viviam em sociedade.  
  • origem da desigualdade: a propriedade privada.
    • Além do estado natural, Rousseau também considera o “estado de guerra” presente na sociedade civil.  
    • A desigualdade humana, segundo ele,  é o principal problema da organização política. 
    • A propriedade privada é a origem da desigualdade porque com ela, vem também o processo de acumulação de bens.
      • E, se uns acumulam, isso implica que outros vão deixar de acumular.
      • Portanto, ela é a fonte das desigualdades, fonte da escravidão, da ganância e da violência e também é fonte da civilização. 
  • Assim, o caos teria vindo pela disparidade, tornando os homens maus, o que colocaria a sociedade em estado de guerra.    

Importância do Contrato Social

  • Os homens, depois de terem perdido sua liberdade natural, necessitariam ganhar em troca a liberdade civil, e o contrato, seria um mecanismo para isso. 
  • Democracia Direta: o povo faria parte do processo de elaboração das leis e de cumprimento delas. 
    • Seria um ato de liberdade criá-la e obedecê-las.  
    • A soberania do povo seria a condição para sua libertação.
  • Assim, soberano seria o povo e não o rei (que estaria apenas servindo o povo). 
    • Essa mentalidade colocaria Rousseau em uma posição contrária ao Poder Absolutista que reinava na Europa de seu tempo.
    • Por se posicionar contrario ao que se pregava na época, Rousseau virou alvo das perseguições proveniente do poder absolutista.      
  • Dessa forma, segundo Rousseau, o Estado tinha sua importância, mas ele não seria soberano sozinho. 
    • Suas ações deveriam ser dadas conforme a soberania do povo (sugerindo uma valorização da democracia).
  • O contrato social seria então um pacto legítimo – não contaria com vontades particulares – justamente para criar uma condição de igualdade entre todos.

O Contrato Social

  • Pelo Contrato Social, os indivíduos renunciam à liberdade natural e à posse de bens e riquezas, e concordam em transferir a um soberano o poder para criar e aplicar as leis.
  • Prevaleceria então, a soberania da sociedade - da vontade coletiva. 
  • Rousseau percebeu que a busca pelo bem-estar seria o único interesse comum - o único motivador - para se pensar no coletivo. 
    • Por outro lado, havia a concorrência, que faria com que todos desconfiassem de todos.
  • Dessa forma, no contrato social seria preciso definir a questão da igualdade e comprometimento entre todos.

Estado de Natureza

  • Rousseau, adepto a uma filosofia de educação natural, é vinculado a uma concepção otimista do homem e da natureza.   
  • A concepção de Rousseau era que em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados pelas florestas, sobrevivendo com o que a Natureza lhes dá, desconhecendo lutas e comunicando-se pelo gesto, em uma língua benevolente.
  • O estado de felicidade original, onde os seres humanos não tinham a necessidade de se relacionarem e não havia desigualdade, existia sob a forma do bom selvagem.  
    • O "Bom Selvagem", em termos de Adão e Eva, comendo o fruto proibido (no caso, cedendo as tentações da sociedade, como a curiosidade): origem de todos os pecados do mundo. 
  • Porem, essa felicidade original termina quando alguém se aproxima de um terreno e diz: "É meu".
    • Essa divisão entre o "meu" e o "seu" - isto e, a propriedade privada -, dá origem ao estado de sociedade. Esse estado corresponde, agora, ao estado de guerra de todos contra todos.
  • A passagem do estado de natureza à sociedade civil se daria, segundo Rousseau, por meio de um contrato social.

Consciencia Moral segundo Rousseau

  • Acredita no dualismo moral: “somos tentados pelas paixões e detidos pela consciência”.
    • A consciência é a voz da alma; 
    • As paixões são a voz do corpo.
  • A consciência nunca engana, é o verdadeiro guia do homem.
  • A moralidade de nossas ações está no juízo que delas fazemos.
  • Para Rousseau, os maus triunfam neste mundo, enquanto o justo é infeliz.
    • Porém, a justiça divina recompensaria os bons e puniria os maus, que são culpados de serem assim: “dependia deles não se tornarem maus”.  

Contexto Histórico de Rousseau

  • ILUMINISMO: surge em uma época de grandes transformações tecnológicas.
    • É um período que marca o fim da transição entre feudalismo e capitalismo.
  • Características principais:
    • Acredita na presença de Deus através da razão. 
    • Separação entre Igreja e Estado. 
    • Afirma que as relações sociais, como os fenômenos da natureza, são reguladas por leis naturais. 

  • Visão do homem:
    • O homem é naturalmente bom e todos nascem iguais. 
      • São corrompidos pela sociedade, em conseqüência das injustiças, opressão e escravidão. 
    • Solução: transformar a sociedade - garantindo a todos a liberdade de expressão e culto e fornecendo mecanismos de defesa contra a tiranias.

  • Organização da sociedade:
    • Deve ser organizada pelo princípio da busca da felicidade. 
    • Cabe ao governo garantir os “direitos naturais”: liberdade individual, direito de posse, tolerância, igualdade perante a lei. 
    • O liberalismo político substitui o “poder divino” pela idéia de que o Estado é  criação do homem e será entregue a um soberano mediante um contrato social. 
    • A idéia de contrato abre as portas para diversas formas de governo.

  • Formas de Governo: 
    • Alguns iluministas, como Rousseau, preferem uma república com fundamentos éticos.  
    • Estado governado de acordo com a vontade geral do povo e capaz de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos.

Principais Obras

  • Em 1755, publicou-se o “Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens”.
  • Em 1761, escreveu “A Nova Heloísa”, romance que obteve grande sucesso.
  • Em 1762, saíram duas de suas obras mais importantes: o ensaio “Do Contrato Social” e o tratado pedagógico “Emílio, ou da Educação”.
    • No livro  “Emilio”, Rousseau apresenta seu projeto educacional para manter o homem bom.
    • Em “Contrato Social” Rousseau afirma que “o homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros”.
      • Preocupação constante com os “ferros”: pecados, mundo das aparências (vaidade), do orgulho, da corrupção, da busca por reconhecimento e status.
    • Rousseau declara-se também inimigo do progresso. 
      • Para ele, o progresso das ciências e das artes tornou o homem vicioso e mau.
    • Ainda segundo Rousseau, o indivíduo se tornaria escravo de suas necessidades e daqueles que o cercam. 
  • Em 1776, publicou experiências, reflexões e sensações no livro “Os Devaneios de um Caminhante Solitário”.
  • Em 1778, ao morrer, Rousseau deixou suas últimas experiências registradas em sua ultima obra: “Confissões”

Biografia

  • Nasceu em 1712 e foi criado pelo pai. Sua mãe morreu no parto. Perde o pai em seguida. 
  • Na adolescência foi estudar em uma rígida escola religiosa onde desenvolveu grande interesse pela leitura e música.
  • Foi professor de música na Suíça.
  • Tornou-se amante de madame de Warens, e viveu com ela em Chambery (França) até 1740.
  • Em 1742, mudou-se para Paris, onde fez amizade com os filósofos iluministas.  
  • Em 1762, Rousseau foi perseguido por conta de suas obras, consideradas ofensivas à moral e à religião, e obrigado a exilar-se na Suíça.
    • É censurado por escolher a religião natural e rejeitar a religião revelada.
    • Ele declara que todas as religiões são boas e que cada crente pode conseguir a salvação na sua.  
  • Três anos depois, partiu para a Inglaterra, a convite do filósofo David Hume.
  • Retornando para a França em 1767, casou-se com Thérèse Levasseur.
  • Em 1778, ao morrer, Rousseau deixou suas últimas experiências registradas em sua ultima obra: “Confissões”. 

Quem foi Rousseau?

  • Importante intelectual do século XVIII.
  • É o iluminista mais radical, precursor das idéias socialistas, ao contestar a propriedade privada. 
  • Pensamentos sobre o Estado agir como organizador da sociedade civil. 
  • Para ele, o homem nasceria bom e sem vícios – o bom selvagem – mas a sociedade o corromperia.
  • Mesmo assim, acreditava que seria possível se pensar em uma sociedade ideal.
  • Rousseau propôs a liberdade e igualdade para a sociedade viver em harmonia e a exaltação da natureza.